Taste my sad

Levou-me para um sítio tão estranho, e eu sentia-me estranha desde que lhe tinha dito que ia ter com ele. Aquelas minhas sensações que algo estava mal ou ia correr mal estavam tão à flor da pele. Sinto sempre muito as coisas, mas naquele dia sentia-me assim desde que tinha aberto os olhos de manhã. Algo de estranho se passava... Ou se ia passar, pensei eu. Mas não gosto de andar com essas coisas na cabeça o dia todo. Então, respirei fundo como sempre faço e tentei tirar as más energias de mim. Tínhamos chegado onde tanto me pediste para ir mas tudo correu como menos esperávamos. O silêncio sentia-se tanto, mas só mesmo durante aqueles segundos. De repente, tudo se distorceu. A nossa conversa virou-se completamente do avesso e eu, até hoje, não sei explicar porquê. Mas começou tudo a acontecer assim, sem qualquer tipo de explicação. Discussões cada vez mais agressivas e servimos-nos desse momento para nos chibarmos e atirarmos tudo à cara um do outro. Conseguia respirar a raiva que pairava à nossa volta, acreditas? E a certeza que tenho, a única, é que nunca me deverias ter tocado como o fizeste! Acho que tudo o que me aconteceu de mal eu descarreguei ali, em ti... Tinha-o espancado tanto e de repente deixou de reagir. Cheguei mais perto e não conseguia ouvir a respiração dele. Pensei que fosse por eu estar demasiado ofegante e ouvir apenas a minha. Mas não! Ele não respirava mesmo. Eu tinha-o morto, sem querer. Não sei o que aconteceu naquele momento dentro de mim, comigo, com o meu corpo, com a minha mente mas paralisei. Senti-me a morrer também, por ter morto alguém.