quarta-feira, outubro 30, 2013

Ele era normal... Para mim era. Melhor que muitas pessoas até. Um pouco velho já, expressões que transpareciam bondade, roupas velhas e sujas, cabelo grisalho e sempre com um Bom dia! na ponta da língua. Acabávamos quase sempre os dias no mesmo sítio. Eu chegava, sabia sempre quando ele lá estava. Sentava-me do seu lado e deixava-o falar. Até hoje, sei mais de mil e uma histórias de amor. Os romances que me contava nunca tinham um final feliz mas sim um desenrolar  de história saboroso. Eu não me importava, sabia que todos acabavam assim... E dizia-lhe que achava triste eu saber disso e saber que é mesmo assim. Mas a realidade aos olhos dele não era assim tão má de se ver e ouvir. Ele era apenas um velho que lia romances de amor. Contou-mos todos os que tinha lido em todos aqueles anos de rua. Os livros eram o seu alimento.
Não o vi durante umas duas ou três semanas e a última vez que voltei àquele sítio encontrei um livro. O fim estava assinado por ele. Sem mais ninguém aqui para me contar histórias agora, resta-me mergulhar neste livro que me deixaste.

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