segunda-feira, agosto 26, 2013

'O Princípio de uma Boa Queca'



"Não te preocupes… sou muito boa naquilo que faço”, disse Cátia numa voz dengosa mas segura. Desapertava o fecho das calças do Serginho devagar, firmemente, enquanto o olhar dele não descolava das últimas quatro linhas de coca que pemaneciam intactas no cd de DAFT PUNK em cima da mesa da sala, a menos de um metro de distância. Quando não tinha pachorra para aquecer um prato, Serginho escolhia os cds para dar riscos baseando-se numa série de critérios: cor escura, música boa – vá-se lá saber porquê, mas a puta da branca dava-lhe para isso – e um título apropriado para a ocasião. “Discovery” tinha-lhe parecido ser a escolha ideal naquela madrugada. As ideias atropelavam-se no raciocínio acelerado: “podia dar só mais um cheiro, merda, apetece-me, mesmo mesmo. Mas pode cortar-me a tusa, quando é demais a coca também pode dar para isso, também, e até que tou fixe, tou fixe, tou mesmo fixe, um bom broche é quase sempre o princípio de uma excelente queca, sabe Deus há quanto tempo não dou uma de jeito, pelo menos de que lembre, ela diz que é boa naquilo que faz e quem sou eu para duvidar? Relaxa e aproveita”, pensou. Deu um golo que matou o que restava da Heineken que tinha numa mão, enquanto afagava os cabelos da Cátia com a outra. Definitivamente, ela era boa naquilo que fazia. Brincou um pouco com a lingua na cabeça da picha e depois deixou-a deslizar suavemente por inteiro para dentro da sua boca húmida, de uma só vez. A expressão “foder-te a boca toda” materializava-se da maneira menos provável, mas, imediatamente a seguir, sacou-a de forma quase brusca. Serginho soltou um gemido misto de dor e surpresa: ela pôs o indicador nos lábios e sussurrou “shhhhhhhh”… voltou à carga, começando a lamber os tomates. Pretendia levar o seu tempo. Ao lado do cd, um dos telemóveis que estavam em cima mesa vibrou, o que lhe fez voltar a pensar na branca. Se desse um risco, o mais certo era dar o resto numa questão de minutos, mas ainda deviam ser umas quatro da manhã, o que significava que pelo menos dois dos seus dealers deveriam estar na ronda, e bastava um sms para para um deles passar lá por casa. “Não, mano, vai ser um desperdício de tempo e dinheiro, é sempre a mesma merda, daqui já não passas, já vais na segunda grama, não é que ainda vás curtir muito mais, e ainda te arriscas a ficar pelas entradas”. Cátia chupava agora a sua picha dura ritmadamente, nem muito devagar nem demasiado rápido, salivando apenas o suficientemente necessário para tornar a sua boca um receptáculo húmido, quente, confortável, alternando apenas com pequenas mordidelas ao mesmo tempo em que o observava com o seu melhor olhar de colegial reguila. Este poderia ser de facto o princípio de uma excelente foda. O telemóvel voltou a vibrar. Serginho desconcentrou-se e veio-se dentro da boca dela sem o prever. Antes de dizer qualquer coisa que fosse, levantou-se do sofá, deu dois riscos de seguida e pegou no telemóvel: “Onde andas?”, escreveu para dois números. Posou o telefone e estendeu a palhinha a Cátia. “Dás uma linha?” Cátia esboçou uma tentaviva de sorriso, acendeu um cigarro e acenou afirmativamente: “Sim, apetecia-me uma coisa boa, agora."
Pacman

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